Em Três Lagoas, o que seria lixo virou arte pelas mãos do comerciante Moacir Camargos e da esposa, Inês Basso Matsuda. O casal encontrou no reaproveitamento de cocos descartados uma forma criativa e sustentável de produzir peças de decoração únicas e cheias de significado.
Moacir mantém um estabelecimento comercial em frente à Lagoa Maior há três anos e meio. Foi ali, há dois anos, que ele teve a inspiração de transformar o que antes era jogado fora em objetos artesanais. “Foi uma inspiração que pedi à noite, e no outro dia ela apareceu, para reaproveitar produtos que iam ser jogados fora”, conta.
A escolha pelo coco foi natural. Moacir já trabalhava com o produto, mas se sentia incomodado ao ver tantos sendo descartados, especialmente os que vinham de cidades vizinhas, como Rio Preto. “Eu senti muito mal jogando fora, foi onde eu comecei”, lembra.
Sem usar televisão ou celular, ele garante que toda a inspiração para criar os objetos surge espontaneamente. O trabalho, que começou com vasos, hoje inclui também luminárias, flores decorativas e arranjos criativos, feitos com materiais reaproveitados, como pedaços de coco e objetos encontrados até mesmo em caçambas de lixo.
“Tudo se aproveita hoje. Basta, vai depender de cada um de nós”, afirma Moacir.
O processo de transformação do coco é longo e exige paciência. Começa com o coco verde, que a por cerca de dez etapas, até estar completamente seco, o que leva, em média, três meses. Só então ele se torna matéria-prima para as criações do casal.
E é justamente Inês quem dá o toque final às peças. Ela é responsável por montar os arranjos, combinar as flores e ajustar os vasos, sempre com muito capricho e sensibilidade. “Eu ajudo na finalização das peças, coloco as flores, faço a montagem nos vasos e cuido para que cada arranjo fique harmonioso. É a parte que deixa tudo mais bonito e delicado”, explica.
As peças produzidas já conquistaram iradores em várias partes do país. Moacir vendeu objetos para cidades como Teresina e São Paulo, além de atender clientes fiéis em Três Lagoas, que compram especialmente ninhos de arinho feitos de coco.
Apesar das vendas, o objetivo de Moacir vai além do comércio. “O nosso objetivo é expandir mais. Quero fazer uma exposição, procurar um lugar adequado para expor os nossos produtos”, planeja.
Para ele, cada peça finalizada é uma realização pessoal. “Eu me sinto realizado, totalmente realizado, quando termino uma peça. Essa peça aqui mesmo… é uma peça diferenciada. Eu cheguei até a emocionar quando terminei”, conta, emocionado.
O estabelecimento do casal está localizado na circular da Lagoa Maior e permanece aberto para quem quiser conhecer de perto o trabalho, conversar com os artesãos e, quem sabe, levar para casa uma dessas peças singulares, que provam que, com criatividade e dedicação, tudo pode ser reaproveitado e transformado em arte.