O Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de Paranaíba realiza, nesta terça-feira (27/05), o julgamento do caso de feminicídio que abalou a cidade no dia 29 de agosto de 2023. De acordo com a denúncia do Poder Judiciário, o crime, ocorrido no bairro Santo Antônio, vitimou Alessandra da Penha Cardoso, 42 anos, morta pelo ex-marido Eurico Costa Machado, 52 anos, que se encontra recolhido e custodiado no Estabelecimento Penal de Paranaíba.
O delito, praticado no contexto de violência doméstica, teria sido motivado pelo inconformismo do acusado com o término do relacionamento. A sessão do Tribunal do Júri será presidida pelo juiz da Vara Criminal, Dr. Edimilson Barbosa Ávila. O promotor da comarca de Aparecida do Taboado, Dr. Matheus Macedo Cartapatti, atuará pelo Ministério Público de MS, enquanto a defesa será exercida por um grupo de advogados.
Relembre o caso
De acordo com os autos do processo, o denunciado e a vítima conviveram por aproximadamente quinze anos, no entanto, em razão de supostas traições do denunciado, a vítima decidiu pôr fim ao relacionamento.
Inconformado com o término da relação, o denunciado ou a perseguir e ameaçar a vítima, que procurou a Polícia para solicitar medidas protetivas, concedidas nove dias antes do crime.
Nos autos do processo, consta que o denunciado, no dia 26 de agosto, três dias antes da tragédia, após escalar uma árvore e subir no telhado da casa vizinha, escondeu-se no forro de um salão comercial situado ao lado da casa da vítima.
Conforme foi apurado, o denunciado aguardou 36 horas para atacar a vítima, em um momento em que ela estivesse sozinha. No dia dos fatos, a vítima retornou do trabalho para almoçar, junto com o filho.
No entanto, uma torneira estragada na cozinha motivou o filho a sair de perto da mãe para comprar o reparo para o conserto da torneira, por volta das 10h30. Foi o momento em que o denunciado deixou o local onde estava escondido e adentrou na residência, surpreendendo a vítima com um golpe de faca no pescoço, acertando a veia jugular.
Agonizante e ensanguentada, ela se arrastou até a avenida em frente da casa e contou a populares que havia sido vítima do ex-marido. Auxiliados por moradores da região, os policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) efetuaram a prisão em flagrante do suspeito, quando o mesmo tentava evadir-se com destino a Portugal. Com ele foi encontrada uma aliança e uma pulseira pertencentes à vítima.
Na denúncia, o Ministério Público aponta o réu como incurso no artigo 121, parágrafo segundo, incisos I (motivo torpe), IV (emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima) e VI (feminicídio). Segundo ainda consta, o réu desobedeceu à ordem da Justiça para que não se aproximasse da vítima, concedida nove dias antes do crime.