
Mato Grosso do Sul não registra casos humanos confirmados de febre amarela há uma década, mas permanece em alerta diante do aumento da circulação do vírus no Brasil e em outros países das Américas. No ano ado, o Estado alcançou 86% de cobertura vacinal — o maior índice desde 2020, mas ainda aquém da meta de 90% estipulada pelo Ministério da Saúde.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MS), entre 2020 e maio de 2025, foram notificados 42 casos suspeitos da doença em 20 municípios sul-mato-grossenses, todos descartados após análise laboratorial.
“Esse monitoramento contínuo é fundamental para manter o controle da doença no estado”, afirmou a gerente de Doenças Endêmicas da SES, Jéssica Klener. Ela destacou ainda a importância da vigilância ativa nas áreas de fronteira, como Corumbá e Ponta Porã.
Apesar do controle local, a febre amarela reacendeu o alerta internacional. Apenas em 2025, mais de 220 casos foram confirmados nas Américas, com 89 mortes — aumento superior a 800% em relação ao ano anterior, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A maioria das vítimas não estava vacinada.
“A vacina é segura, gratuita e a principal forma de proteção contra a febre amarela. Temos avançado na cobertura, mas ainda precisamos atingir a meta e manter a população protegida”, reafirmou o gerente de Imunização da SES, Frederico Moraes.
A vacina é indicada para pessoas de 9 meses a 59 anos e está disponível nas unidades básicas de saúde. A imunização é considerada vitalícia e essencial para casos suspeitos. Além disso, o Estado mantém ações contínuas de vigilância entomológica, monitoramento de epizootias — mortes ou adoecimento de primatas não humanos — e orientação permanente aos municípios.
A coordenadora de Saúde Única da SES, Danila Frias, ressaltou o papel da informação no combate à doença. “Nosso objetivo é fortalecer a consciência coletiva de que a verdadeira proteção está na vacina”.
A febre amarela é uma infecção aguda transmitida por mosquitos com dois ciclos: o silvestre — em áreas de mata —, e o urbano. Os sintomas incluem febre repentina, dores musculares, calafrios, dor de cabeça, vômitos e fraqueza. Em casos graves, pode evoluir para insuficiência hepática e risco de morte.
No ciclo silvestre, primatas não humanos (PNHs) são considerados sentinelas. “O objetivo da vigilância epidemiológica é detectar antecipadamente a presença do vírus, aplicando medidas de controle e prevenindo a febre amarela silvestre e urbana”, explicou Melissa Amin, da Gerência de Zoonoses da SES.
O alerta permanece, e o reforço vacinal é considerado fundamental para impedir o retorno da febre amarela no Estado.
Dose única ao longo da vida
A vacina contra febre amarela é aplicada em dose única e protege por toda a vida. A recomendação da SES é que qualquer pessoa a partir dos nove meses de idade seja imunizada, exceto nos casos de contraindicação médica.
Pessoas não vacinadas ou que desconhecem sua situação vacinal devem procurar a unidade de saúde mais próxima, especialmente se pretendem viajar para áreas de mata ou estados com alta circulação viral.
A SES orienta a população a manter o cartão de vacinação atualizado, especialmente moradores de áreas rurais, viajantes e trabalhadores de turismo, agricultura ou serviços florestais. A imunização contra a febre amarela está disponível em todas as unidades básicas de saúde do Estado.