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GESTÃO E COMPETITIVIDADE

Para Riedel, UFN3 só será viável com gás mais barato e modelo competitivo

Governador defende reestruturação da matriz energética para garantir funcionamento sustentável da fábrica de fertilizantes em MS

Após dez anos de paralisação, Petrobras anunciou que retomará as obras da Unidade de Fertilizantes - Foto: Divulgação
Após dez anos de paralisação, Petrobras anunciou que retomará as obras da Unidade de Fertilizantes - Foto: Divulgação

A retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas, é vista com otimismo pelo governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), mas também com cautela.

Em entrevista ao programa CNN Money, Riedel afirmou que o sucesso da planta depende diretamente de ajustes na equação de preços e da competitividade do insumo frente ao mercado internacional.

“O desafio está na equação de preços, porque temos a molécula do gás aqui, mas a distribuição não é tão competitiva quanto a da Rússia e de outros países produtores”, declarou o governador.

Segundo ele, apesar da importância estratégica do projeto para o país, nenhuma empresa sustentará um investimento bilionário se não houver retorno. “É estratégico, é importante. Agora, nós temos que ir além para poder transformar a matéria-prima, a matriz energética brasileira, onde o gás pode ganhar uma relevância muito maior, colocado numa situação mais competitiva”, pontuou Riedel durante a entrevista.

Retomada está em curso, mas viabilidade ainda preocupa

A UFN3 teve suas obras iniciadas em 2011, mas foi paralisada em 2015 com 81% da construção concluída. O conselho da Petrobras aprovou a retomada em outubro de 2024, com investimento de R$ 3,5 bilhões. A previsão de operação é 2028.

Apesar dos anúncios recentes e de reuniões com autoridades locais, como o prefeito de Três Lagoas, Cassiano Maia (PSDB), a Petrobras ainda não estabeleceu uma data exata para o reinício das obras, que seguem em fase de contratação do escopo remanescente.

Riedel destaca que, mesmo com o avanço dos trâmites, é essencial que o projeto seja sustentável financeiramente para evitar o que classificou como “voo de galinha”.

Redução da dependência de importações

Com produção estimada de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia por ano, a UFN3 atenderá regiões com alta demanda por fertilizantes, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e São Paulo.

O Brasil importa atualmente mais de 80% dos fertilizantes que consome, principalmente da Rússia.

Durante a entrevista, o governador ressaltou que a UFN3 pode elevar a produção nacional de nitrogenados para cerca de 30% da demanda interna, o que daria ao país maior segurança alimentar e estabilidade no setor agropecuário. No entanto, reforçou que isso só será possível com um modelo de negócio competitivo.

“Nós temos que equacionar toda essa situação, mas é muito positivo o investimento”, afirmou Riedel.

Qualificação e impacto local

Como parte da preparação para a retomada, a Petrobras já anunciou a abertura de cerca de 4 mil vagas em programas de capacitação voltados à população local. A iniciativa será realizada em parceria com o Sesi, Senai e Institutos Federais, priorizando moradores de Três Lagoas em situação de vulnerabilidade.