Após a confirmação de um caso de influenza aviária (H5N1) em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, as autoridades de Mato Grosso do Sul ampliaram as ações de prevenção à doença no Estado. A medida busca reforçar a biossegurança nas propriedades rurais, especialmente na agricultura familiar, como forma de evitar a entrada e propagação do vírus.
A mobilização conta com a participação da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e da Embrapa Pantanal. As ações incluem oficinas, capacitações, visitas técnicas, ree de informações e vigilância participativa. O objetivo é orientar produtores sobre práticas adequadas de manejo, com atenção especial para regiões de fronteira e comunidades que praticam a criação doméstica de aves.
A estratégia está centrada em dois eixos: a biosseguridade — relacionada à estrutura física das propriedades, como cercas, telas, higienização das instalações e descarte correto de resíduos — e a biossegurança, que envolve o uso de equipamentos de proteção individual por quem lida com os animais. Ambas são consideradas fundamentais para evitar a entrada de agentes infecciosos nos plantéis.
Muitas propriedades familiares mantêm aves soltas, sem controle de o ou barreiras contra animais silvestres, o que eleva o risco de contaminação. Em caso de foco confirmado, a contenção pode exigir o sacrifício dos animais, resultando em perdas significativas, especialmente para os produtores que não têm estrutura para ar impactos sanitários e econômicos.
Como parte do plano de prevenção, técnicos da Agraer vêm sendo capacitados continuamente, com treinamentos voltados à vigilância ativa e às boas práticas sanitárias. Novas formações estão previstas, com foco exclusivo na gripe aviária, a fim de padronizar o atendimento e a orientação aos agricultores.
A Iagro mantém canais abertos para comunicação direta com os produtores, como escritórios regionais, site e redes sociais. Os técnicos da extensão rural atuam como elo entre as comunidades e os serviços oficiais de defesa sanitária, viabilizando o encaminhamento ágil de denúncias e suspeitas.
A Embrapa Pantanal, por sua vez, participa do esforço por meio de ações de pesquisa e desenvolvimento, com foco na educação sanitária e no fortalecimento de sistemas sustentáveis. Projetos em andamento buscam levar conhecimento técnico às comunidades rurais, incluindo a implantação de estruturas de criação protegida e ações educativas em escolas do campo.
Um dos focos é a produção de materiais técnicos voltados a profissionais que atuam junto a agricultores familiares, comunidades tradicionais e povos indígenas. A abordagem também prevê o envolvimento de escolas, grêmios estudantis e grupos comunitários, com especial atenção ao protagonismo feminino, já que em muitas localidades o cuidado com aves de quintal é responsabilidade das mulheres.
A orientação é que qualquer alteração no comportamento das aves — como dificuldades respiratórias, sintomas neurológicos, diarreia, inchaço na cabeça ou mudanças na coloração da crista — seja comunicada imediatamente aos órgãos de defesa sanitária. A recomendação é isolar os animais doentes para facilitar a inspeção e impedir a disseminação do vírus.
Com a articulação entre instituições públicas de pesquisa, extensão e defesa sanitária, o Estado busca manter o controle da gripe aviária, protegendo a produção local, a saúde das famílias do campo e o abastecimento alimentar da população.