Durante entrevista exclusiva no Tarde da Massa, da Massa FM Campo Grande, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões de Almeida (NOVO), e a diretora do Family Business da Fundação Dom Cabral, Selma Rodrigues, discutiram temas cruciais sobre governança, sucessão empresarial e os desafios que os empresários enfrentam para garantir a continuidade e prosperidade de seus negócios, especialmente em famílias empresárias.
O vice-governador, que tem vasta experiência tanto na gestão pública quanto no setor privado, começou refletindo sobre o cenário econômico do Brasil, especialmente no Centro-Oeste, destacando a jovem geração de empresários. Ele comentou sobre a necessidade urgente de pensar na sucessão dos negócios.
“A população empresarial de Mato Grosso do Sul ainda é jovem. Muitos empresários estão na faixa dos 50 anos, mas seus filhos, que têm pouco mais de 20 anos, já começam a atuar nos negócios. Quem vai tomar conta dessas empresas daqui a 10 ou 15 anos?”, questionou Simões.
Ele também ressaltou que a sucessão empresarial não é apenas uma questão familiar, mas uma preocupação com o impacto econômico de uma empresa mal istrada no futuro.
Selma Rodrigues, com sua experiência no Family Business da Fundação Dom Cabral, concordou com a análise e destacou a importância de planejar a sucessão de forma que a empresa não apenas sobreviva, mas prospere.
“O processo sucessório é fundamental para garantir que o negócio não apenas exista por mais tempo, mas que continue gerando valor para a sociedade”, afirmou. Ela enfatizou que o problema da sucessão mal planejada é recorrente em muitas empresas familiares e pode levar ao colapso de negócios que, muitas vezes, estavam em pleno crescimento.
Desafios da sucessão empresarial
Ao longo da entrevista, ambos os especialistas apontaram que muitas empresas enfrentam sérios problemas devido à falta de planejamento sucessório. O vice-governador relatou sua experiência pessoal, destacando a dificuldade enfrentada pela sua própria família no processo de sucessão após o falecimento de seus pais.
“Eu tinha 14 anos e não havia preparação para a sucessão. Como resultado, tivemos que vender tudo o que minha família havia construído”, contou Simões. Ele destacou que esse tipo de situação não é incomum e pode ser evitado com planejamento antecipado.
Selma, por sua vez, alertou que a sucessão não se resume apenas à transferência de patrimônio, mas envolve a preparação do sucessor para entender e manter o negócio. “É fundamental que o herdeiro esteja imerso na cultura do negócio desde jovem, mas isso não significa que ele seja automaticamente o mais qualificado. O processo de sucessão deve avaliar as competências e o alinhamento do sucessor com as necessidades do negócio”, disse Rodrigues.
O papel das políticas públicas na sucessão empresarial
Durante a conversa, também foi abordada a importância das políticas públicas no apoio às empresas familiares, especialmente as de pequeno e médio porte. Simões acredita que o Estado pode e deve ajudar nesse processo.
“Em Minas Gerais, estamos tentando criar mecanismos que auxiliem as empresas a se estruturarem melhor para que possam ar de geração em geração. Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem muito a ensinar sobre como desburocratizar e facilitar esse processo”, afirmou.
Ele defendeu que, para as pequenas propriedades rurais e pequenos negócios, o governo deve atuar mais ativamente, oferecendo e e incentivando a educação sobre sucessão empresarial.
Simões também citou a experiência de São Paulo e Santa Catarina, que têm avançado consideravelmente na questão da sucessão empresarial, graças à atuação proativa dos empresários e das federações.
“Nós precisamos trazer isso para os estados mais jovens e em transformação, como é o caso de Mato Grosso do Sul”, completou.
A tecnologia como aliada na sucessão empresarial
Selma e Simões também discutiram o impacto da tecnologia no processo de sucessão, especialmente no que se refere à inteligência artificial e à globalização. Simões destacou que a tecnologia tem facilitado a comunicação e o compartilhamento de informações, permitindo que sucessores, muitas vezes distantes fisicamente de seus negócios, possam participar ativamente das decisões.
“Hoje, é possível para um jovem em qualquer lugar do mundo participar do processo de sucessão sem sair de casa”, explicou.
Selma também concordou, ressaltando que a tecnologia pode ser um elo importante entre gerações, principalmente quando há um distanciamento entre os mais velhos, que se acostumaram com práticas tradicionais, e os mais jovens, que já vivem em um mundo digital.
“A tecnologia cria uma ponte que facilita o diálogo e a confiança entre as gerações, o que é fundamental no processo sucessório”, concluiu.
A importância da governança
Por fim, ambos enfatizaram que o sucesso do processo de sucessão não depende apenas de uma boa estrutura de gestão familiar, mas também de uma governança eficiente.
“A gestão empresarial, com números e planilhas confiáveis, é essencial para que as diferentes gerações compreendam os desafios e tomem decisões informadas. A sucessão bem-sucedida exige uma gestão bem estruturada, independentemente de quem esteja à frente da empresa”, concluiu Simões.
Confira a entrevista na íntegra: