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ENTREVISTA

Como a sucessão empresarial pode garantir o futuro das empresas familiares

Vice-governador de MG e especialista da Fundação Dom Cabral analisam como as empresas podem prosperar através de uma sucessão planejada e da gestão eficaz

Sucessão empresarial foi destaque no Tarde da Massa desta terça-feira -  Foto: Divulgação/Serasa Experian
Sucessão empresarial foi destaque no Tarde da Massa desta terça-feira - Foto: Divulgação/Serasa Experian

Durante entrevista exclusiva no Tarde da Massa, da Massa FM Campo Grande, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões de Almeida (NOVO), e a diretora do Family Business da Fundação Dom Cabral, Selma Rodrigues, discutiram temas cruciais sobre governança, sucessão empresarial e os desafios que os empresários enfrentam para garantir a continuidade e prosperidade de seus negócios, especialmente em famílias empresárias.

O vice-governador, que tem vasta experiência tanto na gestão pública quanto no setor privado, começou refletindo sobre o cenário econômico do Brasil, especialmente no Centro-Oeste, destacando a jovem geração de empresários. Ele comentou sobre a necessidade urgente de pensar na sucessão dos negócios.

“A população empresarial de Mato Grosso do Sul ainda é jovem. Muitos empresários estão na faixa dos 50 anos, mas seus filhos, que têm pouco mais de 20 anos, já começam a atuar nos negócios. Quem vai tomar conta dessas empresas daqui a 10 ou 15 anos?”, questionou Simões.

Vice-governador de Minas Gerais nos estúdios da Massa FM Campo Grande – Foto: Adriano Hayno/Portal RCN67

Ele também ressaltou que a sucessão empresarial não é apenas uma questão familiar, mas uma preocupação com o impacto econômico de uma empresa mal istrada no futuro.

Selma Rodrigues, com sua experiência no Family Business da Fundação Dom Cabral, concordou com a análise e destacou a importância de planejar a sucessão de forma que a empresa não apenas sobreviva, mas prospere.

“O processo sucessório é fundamental para garantir que o negócio não apenas exista por mais tempo, mas que continue gerando valor para a sociedade”, afirmou. Ela enfatizou que o problema da sucessão mal planejada é recorrente em muitas empresas familiares e pode levar ao colapso de negócios que, muitas vezes, estavam em pleno crescimento.

Selma Rodrigues nos estúdios da Massa FM Campo Grande – Foto: Adriano Hany/PortalRCN67

Desafios da sucessão empresarial

Ao longo da entrevista, ambos os especialistas apontaram que muitas empresas enfrentam sérios problemas devido à falta de planejamento sucessório. O vice-governador relatou sua experiência pessoal, destacando a dificuldade enfrentada pela sua própria família no processo de sucessão após o falecimento de seus pais.

“Eu tinha 14 anos e não havia preparação para a sucessão. Como resultado, tivemos que vender tudo o que minha família havia construído”, contou Simões. Ele destacou que esse tipo de situação não é incomum e pode ser evitado com planejamento antecipado.

Selma, por sua vez, alertou que a sucessão não se resume apenas à transferência de patrimônio, mas envolve a preparação do sucessor para entender e manter o negócio. “É fundamental que o herdeiro esteja imerso na cultura do negócio desde jovem, mas isso não significa que ele seja automaticamente o mais qualificado. O processo de sucessão deve avaliar as competências e o alinhamento do sucessor com as necessidades do negócio”, disse Rodrigues.

O papel das políticas públicas na sucessão empresarial

Durante a conversa, também foi abordada a importância das políticas públicas no apoio às empresas familiares, especialmente as de pequeno e médio porte. Simões acredita que o Estado pode e deve ajudar nesse processo.

“Em Minas Gerais, estamos tentando criar mecanismos que auxiliem as empresas a se estruturarem melhor para que possam ar de geração em geração. Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem muito a ensinar sobre como desburocratizar e facilitar esse processo”, afirmou.

Ele defendeu que, para as pequenas propriedades rurais e pequenos negócios, o governo deve atuar mais ativamente, oferecendo e e incentivando a educação sobre sucessão empresarial.

Simões também citou a experiência de São Paulo e Santa Catarina, que têm avançado consideravelmente na questão da sucessão empresarial, graças à atuação proativa dos empresários e das federações.

“Nós precisamos trazer isso para os estados mais jovens e em transformação, como é o caso de Mato Grosso do Sul”, completou.

A tecnologia como aliada na sucessão empresarial

Selma e Simões também discutiram o impacto da tecnologia no processo de sucessão, especialmente no que se refere à inteligência artificial e à globalização. Simões destacou que a tecnologia tem facilitado a comunicação e o compartilhamento de informações, permitindo que sucessores, muitas vezes distantes fisicamente de seus negócios, possam participar ativamente das decisões.

“Hoje, é possível para um jovem em qualquer lugar do mundo participar do processo de sucessão sem sair de casa”, explicou.

Selma também concordou, ressaltando que a tecnologia pode ser um elo importante entre gerações, principalmente quando há um distanciamento entre os mais velhos, que se acostumaram com práticas tradicionais, e os mais jovens, que já vivem em um mundo digital.

“A tecnologia cria uma ponte que facilita o diálogo e a confiança entre as gerações, o que é fundamental no processo sucessório”, concluiu.

A importância da governança

Por fim, ambos enfatizaram que o sucesso do processo de sucessão não depende apenas de uma boa estrutura de gestão familiar, mas também de uma governança eficiente.

“A gestão empresarial, com números e planilhas confiáveis, é essencial para que as diferentes gerações compreendam os desafios e tomem decisões informadas. A sucessão bem-sucedida exige uma gestão bem estruturada, independentemente de quem esteja à frente da empresa”, concluiu Simões.

Confira a entrevista na íntegra: